quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Acho que reencontrei um amigo de infância. Acho. O que vi foi um nome e um rosto familiar, dizendo: “A memória é uma construção social. Você vai lembrar. Eu não existo.” Gaiato. Eu não existo. Já nasci com geladeira, Tv e videogame em casa, de tal modo que tudo o que eu conheço é virtual, até os nomes e rostos que já passaram em minha vida. O colégio onde eu estudei era só uma mimetização de escola católica, que proibia tamagochis. Esse amigo, por exemplo, ele nunca existiu, faz parte de um conjunto de zeros e uns na minha cabeça, um retrato pixelizado que estende a mão e pergunta: “tudo bem?”. Ainda bem que eu filmei aquela época, posso encontrar estes rostos por lá.

Falávamos de astrologia. O signo, segundo ele, é só uma coordenada. É tão impreciso falar sou de “sagitário” quanto dizer latitude 35. Poxa, nem em astrologia existe personalidade então?

Temo pela vida de Belchior, virou caça. Quando eles te encontrarem, não vai ter perdão. Vai ter que gravar um disco, aparecer com o Fagner no Faustão onde vão perguntar cadê seu bigode. Não vá escrever sua divina comédia, não vá embora. Mas se você quiser atirar nele, mate-o logo, as três, porque depois ele tem compromisso e não pode faltar por causa de vocês.