quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Psicanalise e Terapia Cognitivo Comportamental


Mexendo nos twitter da vida, me deparei com este artigo, bem jornalistico, do Guardian falando sobre terapia. Aponta que aquela narrativa do Terapia Cognitivo Comportamental, de psicoterapia rápida com bons resultados, pode ser uma falácia. Empiricamente, inclusive. Os estudos mostram que de uns anos pra cá, a eficácia da terapia caiu pela metade. Mais ainda, os estudos de tratamento de longo termo apontam que a durabilidade dos resultados positivos também não é tão alta. Muito disso parece se explicar por um fenômeno psicológico importante: a força de uma promessa de cura. A promessa pode funcionar como uma sugestão poderosa, da mesma forma que se for administrado um comprimido de farinha, um paciente pode melhorar. Só que esse efeito tem seus limites, especialmente se o tratamento consistir na ideia que existem pensamentos disfuncionais e que a gente tem que se livrar deles, ao invés de aprender com eles. A nossa vida não é apenas pragmática. Os sintomas e o sofrimento colocam em questão desde o sentido que a nossa sociedade dá à vida até questões como amor, onde não basta dizer: amas de maneira disfuncional.

Lacan dizia que existe um saber no inconsciente, que a gente sabe sem sabê-lo. Esse saber vai aparecer nesses sintomas, em horas de descuido, no sonho, nas nossas emoções. A psicanalise busca escutar estas coisas com cuidado. Acho que nessa discussão entre duas terapias de praticas opostas está algo mais que mera reserva de mercado. Estamos entre pensar os seres humanos como maquinas de felicidade e produção ou levar em conta a radicalidade de nossa treta de existir para, quem sabe, criarmos nossa própria felicidade. Enfim, é por isso que eu levanto essa treta, porque se eu pensasse diferente, não teria escolhido a psicanálise e não tava tretando, hehe.
No entanto, acho que o jornalista com certeza não investigou mais a fundo a vida do Freud, repetindo os clichês de quem só quer dispensar o que ele pensava. Gente, o Freud nunca enriqueceu com a psicanálise.