quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Erasmo
-- Não dou carona para qualquer um. Sabe-se lá quem vai entrar no seu carro. Pode ser um traficante, um mafioso, um assassino. Pode ser Deus.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
escola humanista de telemarketing
Esses dias tive problemas com meu celular, por causa de uma conta que foi enviada errada. Fui numa loja, e o pessoal que trabalhava lá me atendeu mal. Disseram que estes problemas não se resolvem ali, só por telefone. Pessoalmente, só em São Paulo.
Liguei meio contrariado, digitando os números com força. A pessoa que me atendeu devia ser nova, pois o diálogo foi mais ou menos assim:
“Atendente (depois de algumas formalidades): E de que cidade você é?
Eu: Brasília
A: Brasília? Que legal, adoro ir para aí. Minha tia mora aí. É uma cidade muito bonita.
Eu: Ah é? E você mora aonde?
A: Em Goiânia. Se eu pudesse me mudava para aí, não gosto muito daqui.
Eu: Ah, Goiânia também é uma cidade bonitinha.
A: Nem acho. Mas diga, qual é o problema com a sua conta?”
Aí eu falei minhas mazelas, ela disse que foi um “erro cabuloso” no sistema, e que ia normalizar minha situação. O problema acabou por ser resolvido. Eu estava com um tanto de raiva, mas a atitude dela me desarmou. Depois ela se despediu com um “operadora agradece. Tchau, André.”
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
uma banda entendida
escute The March of The Black Queen para enteder o que estou falando.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Comentário à respeito de João
Aluno: É tipo a paz mundial. né, professor.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Um Diário
Aí peguei uma disciplina interessante com um professor austríaco bem loose, que gosta de sandálias de couro, bigodes e aula no gramado. A matéria é psicologia urbana, espécie de feng shui científico aplicado às cidades. É uma aula bacana, se você descontar a alta frequência de gente reclamando que não se dá mais o assento aos idosos no ônibus e que ninguém respeita as leis de trânsito.
O professor, seguindo a sua tendência assumida pelo divertido, pediu para que nós entregássemos como trabalho final um diário. Este deve contar algumas coisas ou acontecimentos que achamos interessantes na nossa vida de habitantes de uma metrópole. Poderia ser desde acidentes de transito até a pixação no HUB com os dizeres "AIDS". Unindo o útil ao agradável, vou fazer este diário aqui. Assim nem este blog morre, nem eu fico com zero no trabalho final.
como este é um blog que se pretende popular, relaxem, não vou falar das fechadas de transito e "vai-tomar-no-cú" que recebo por aí. prefiro falar de eventos como aquele que vi a alguns dias atrás, quando vi uma tropa do exército indo de encontro à um sujeito de sunga branca e gravata borboleta. Trote, eu presumo.
domingo, 16 de setembro de 2007
cerveja, batatas fritas, chocolates, quadrinhos e folk
Vou transformar este blog momentanêamente num power-point para que entandam o quanto aquele país é subestimado:
--- cerveja: Ok, tudo mundo sabe que a Bélgica tem a melhor cerveja do mundo, apesar da Alemanha enfiar ocktoberfest(grafia incorreta) goela abaixo. Não há cerveja no mundo que consiga competir com uma trapista de tripla fermentação. É mais que uma cerveja, é uma refeição completa pra sua língua e sua cabeçinha.
-- batatas fritas: A batata frita foi inventada lá, apesar de neguinho chamar de french fries, para desgosto e mágoas dos belgas. Rola lá até um sanduíche recheado de batata frita, ou melhor, um prato de batatas fritas com um sanduíche escondido sob as batatas. Compra-se um desses em qualquer esquina, numas barraquinhas.
-- chocolate: O melhor chocolate que você pode comer, apesar do mundo puxar saco dos suíços e do engodo do lindt. Nos chocolates belgas, dá-se mais valor ao cacau do que ao leite e a gordura hidrogenada. É o chocolate com "C" maiúsculo, não passando o suíço ou a Garoto de um subgênero deste.
-- quadrinhos: Pode até não ser o melhor, mas tem um tradição absurda. Foi com o Tintin que se criou o gênero de aventura, apesar do super-homem, tal.
-- folk: é aí que eu mudo de assunto pra falar do Dick Annegarn. aguarde o próximo post.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Morreu na Praia
A nova mpb, essa invenção da Trama, por pouco não é nova. Cada artista da Trama é diminutivo de algum velho artista (Na maioria das vezes literalmente). O próprio Tom Zé, também da Trama, é um diminutivo dele mesmo. Acho que ele, depois que escreveu na contracapa de um disco que a sua proposta é plagiar ele mesmo, deveria se chamar Tom Zézinho.
Essas novas cantoras quase que são intérpretes convincentes. Falta-lhes a quota de desafino para tal. Enche o saco escutar gente que não desafina sequer uma vez. Maria Bethania, Gal, Nara, desafinavam bonito.
O próprio Mundo Livre é quase uma alternativa certa para uma música que não seja nem provinciana, nem americana. Se o Fred 04 cantasse mais do que fizesse manifestos seria ótimo.
Se não fosse esses poucas coisas seria tudo lindo. um nariz de diferença e estamos lá. Um nariz de diferença e somos penta. Quase levamos o oscar.
sábado, 4 de agosto de 2007
Passeio no Ana Lídia
Daí que me ocorreu de visitar o parque Ana Lídia. Me lembrava muito dele como um parque legal quando era bem moleque. Não tanto quanto o Nicolândia, com sua montanhinha russa que caía n´água, mas era mais curioso. Só vi coisa quase tão curiosa quanto quando vi um playgroud inspirado em Miró, em Barcelona, mas o Ana Lídia têm o mérito de ser uma pala por si só, não uma pala que remete à uma pala errada.
O Ana Lídia é um parque muito irreverente. Um lugar onde vários temas e reflexões confluem. Rola uma salada de referências pop, uma fanfarronice meio tropicalista, um romantismo de longa metragem de animação da disney e uma concepção meio careta da infância que resiste no canal 2 de seu televisor. Tem um escorregador que é uma bota e o carro de abóbora da cinderela, com todos os rococós formados pelos ramos na ala conto de fadas. Tem a ala dos meninos, com cabanas apaches, caravanas de velho oeste e barcos viking. E, lá no fundo a ala futurista ou progressista, com aquele foguete gigante e um trepa-trepa em forma de bolha.
O parque é muito mais especial do que uma reportagem comemorativa do Correio Brasiliense pode mostrar. Consegue juntar à breguiçe e a irreverência aquilo que se espera das crianças criadas na cidade: Uma invencionice debochada a um só tempo amorosa e cínica. Aproveitei bem o parque à época, principalmente as tendas apaches e a Bolha-Trepa-Trepa, que já foi campo de força demoníaco, colônia de insetos gigantes e pique. Do foguetão não posso dizer o mesmo. Apenas subia e descia como um tonto, com medo da ponte de madeira.
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Respeita os oito baixos do seu pai.
Não que eu queira colocar o corpo fora, tal. Mas é mesmo incômodo esses velhos aí pedindo para a gente ter esperança, consciência e juventude. O pessoal que achou isso legal está lá na reitoria da USP, querendo levar cacete para guardar a fotografia pros netos. Eu prefiro ficar em casa, meio puto porque ao mesmo tempo em que acho todas essas barbas, tambores e camisetas da Mafalda feios, fico tocado pelos sintetizadores do Belchior. Não são saudades da ditadura, vontade de seqüestrar embaixadores ou de ser deportado. Mas aquela vozinha fanha fala comigo quando estou, sei lá, andando pela cidade ou brincando com meus cachorros.
Juventude, que coisa mais velha. Acho que ela só existiu por pouco tempo, uns sete ou oito anos. Um bando de universitários com olhar digno e perturbador, caras até legais, mas que não conseguiram fazer frente à roda viva com cara de nojinho tanto por parte do David Bowie, dos seus filhos e do funcionalismo público. E a gente tem que respeitar os oito baixos de nossos pais, falando destas aventuras numa época onde não existia videogame ou RPG, em que neguinho apanhava pra valer (no RPG isso também rola, às vezes) e podia viver seu próprio épico. O falsete saía da voz do Milton Nascimento a cada bala de borracha nas costas.
Hoje a gente redescobre o Milton e o Belchior, acha muito lindo, consegue entender a poesia da época e o que tem a ver com a gente. Não que eu esteja com vontade de apanhar de policia, mas aquele “Avante!” tão bem escutado na voz destes dois parece mais com um lamento. Não nos exorta às armas, mas a um sorriso na cara, à falta de gosto pela noite com cara de nojinho, a uma choradeira sadia e uma nostalgia de merda.