segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Lupicínio Rodrigues


Esses dias, tava comentando com uns amigos que achava Lupicínio o Cole Porter brasileiro. Besteira. Boto fé que quando a gente ficar tenta achar esses paralelos, do naipe João Gilberto-Elvis, Paralamas-Police, Pixinguinha-Armstrong, afirma-se apenas sub-genêros; tipos especiais de The Police, Armstrong, Porter e João.

O Lupicínio, por exemplo, tem nada a ver com o Porter. É menos sutil. Mulheres infiéis e ciúmes mostrousos. Ninguém, digo mesmo, ninguém teve a coragem de clamar vingança aos santos e fazer disso, bem ou mal, uma canção de amor.

Quanto as melodias, digamos que elas são errantes demais para os ouvidos de um Porter. Talvez seja exatamente isso que trouxe tanto sucesso. As melodias parecem estar mais ligadas a oratória e ao remoer que qualquer outra coisa, mas isso dava à música um apelo dramático que quase ninguém conseguiu. O que importa nele é dar a essa maneira escrota de sofrer por alguém alguma dignidade, mesmo que mostrando como isso é patético. Nada saúdavel, mas escutem, que é muito bonito.


Ah, bem, foi ele que inventou a expressão dor-de-cotovelo.

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