quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Dostoiévski

Isso é que dá ler Dostoiévski: traíragem.

Mudando de assunto. Se o cinema morreu e só podemos esperar o melhor dos videogames, como não perder a alma? Joguei um videogame chamado OBLIVION e era para lá que eu me encaminhava. Podem ser 30, 40, 200 horas tomadas por um só jogo. Ser um erudito na área é mais difícil do que ser um de literatura e olha que só temos 10, 20 anos desde de que isto começou. Imagina quando neguinho resolver se meter a falar da incomunicabilidade... Já era. desisto.

O problema é que é uma arte muito mais fina. Não há nada de acabado, não há produto final. são só possibilidades e potências. Cinema e futebol. É uma arte de ninguém. De quem é o jogo, de quem programa? de quem joga? de quem teve a idéia?

O melhor seria começar do início: pong e tetris; Griffith e Eisenstein. Vale ganhar ou jogar? Prefiro Tetris, que não vai dar em OBLIVION nenhum, vai dar em Simcity.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bezerrão

Encontrei o Arruda na rua. No carro ao lado, num engarrafamento destes que te obriga a ter uma relação mínima com o próximo. Ele manteve o sorriso fixo por um tempo, deu tchau, me fechou e foi pegar uma mina no posto de gasolina. Só registrando.

Vi o Elano. Que golaço.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Elano. É um nome que sempre me vem a cabeça, não sei porque. Tô andando e penso: "tenho que falar com o Elano." Sempre que eu penso no nome de alguém, aparece o nome do Elano também. deve ser porque ele é volante, excelente volante.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

stylistica

É. Tem gente que tem jeito mesmo para escrever. Acabei de ler o livro "A estrutura lacaniana das psicoses", grande promessa nesse título.

No entanto, o assunto só é abordado frontalmente em umas quarenta linhas esparsas lá pelo meião e em algumas notas do tradudor, mostrando um jogo de palavras em francês onde a palavra psicose é sugestionada. O livro parece que só é histeria, exílio, judaísmo, verdade, letra e Outro -- existem ótimas observações sobre todos estes temas. Nem me deixou tão incomodado. Mas, seilá, achei que queria meu dinheiro de volta.

Talvez eu não tenha o refinamento para perceber que a melhor maneira de abordar uma questão é a evitando, mudando de assunto quando ela está prestes a se anunciar. Acho que Melman (o autor do tal livro) devia estar muito focado em cumprir este programa. Deve ser um trabalho de cão. Isso é estilo demais.

Aliás, no livro, existia um ótimo capítulo sobre a o sentido das palavras antitéticas em psicánalise (i. e. ironia). Dizia como a escrita é sintoma e que é ela mesma que produz o autor. "O escrito tentará fazer-se a partir de uma necessidade de consistência, independente do sujeito, impondo-se a ele". O autor se cria aniquilando o sujeito, como pude constatar agora, escrevendo neste blog depois de meses.

Olha, este não é um post raivoso. Gostaria de agradecer Melman por me dar vontade de escrever de novo neste blog. Ainda demonstrando meu desarmamento, digo que são bem mais que quarenta linhas as dedicadas a psicose. Ele mesmo explica que seu seminário é da natureza do dizer, e não do dito. Acho que aprendi uma coisa que Lacan não deixa tão claro. (Na verdade deixa, mas ninguém perde a chance de falar da dificuldade de ler Lacan, sacumé..)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Queria ver também eu com mais saco para postar aqui.

O mundo tá cheio de coisa massa, mas parece que só consigo postar em surtos, uma vez por mês. Como não escrevo com tanta freqüência, vou fazer uma emulação de power-point com o que chamou minha atenção neste último mês.

  • Boto fé que a crítica de filmes no correio brasiliense é feita pela mesma galera que escreve o horóscopo.
    • pode conferir.
  • Natação não é arte, é a beleza da técnica. Por causa disso é melhor e mais barato que psicoterapia.
  • Na madrugada, quando você já tá alterado, a ponte se enche de aranhas e o insônia shop enche de pederastas.
    • o insônia provavelmente é ponto de swing.
    • provavelmente, também, a galera do swing edita um tablóide.
    • eu não queria saber disso.
  • Ia ser bom mostrar pra neguinho o Luis Tatit.
    • Bressane também, mas duvido que alguém goste. é um cara que consegue transformar os vícios do cinema brasileiro em virtudes.
    • eu poderia escrever horóscopo.
  • Falar de esquerda e direita é errado, mas de ideologia, ainda não.
  • Gangstas, japoneses, Timbaland, Timberlake, Portishead, Madonna, Nico: Vocês já foram à Bahia?

Enfim, essas são algumas das coisas que pensei em postar esses dias mas não tinha saco. Se alguém quiser, apresento com um retroprojetor.

Cientista vê limite em linguagem animal

esse cientista é Marc Hauser, Professor de Psicologia em Havard.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u373738.shtml

Pena, queria ver um papagaio simbólico.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Fala

Eu juro que tentei respeitar o Arnaldo Jabor como cineasta. Vi aquele filme mó elogiado, "Toda nudez será castigada". Mas não consegui passar da introdução que ele havia preparado para o dvd. Tava lá ele, com a mesma cara, falando do nelson rodrigues como se fala do mensalão. Uma ênfase pretensamente apaixonada, o sorrizinho boquiaberto marcando um "x" no sacarsmo. Rotula o filme dele de "pastiche de melodrama, entre a ironia e a tragédia". E aquele ritmo de fala nojeinto, como um aluno que lê um texto em voz alta e quer que a professora perceba que consegue dar, a cada frase, a entonação correta e adequada. Enfim, porra, vocês sabem do que estou falando. Não dá pra respeitar alguém assim. Talvez o Darcy Ribeiro, mas aí é outro nível.

De qualquer forma, esses trejeitos de fala, dizem muito não só sobre a respeitabilidade do sujeito, mas também a sua compreensibilidade e captação de níveis.

Lacan, por exemplo. Vi ele esses dias, no Youtube, falando de coisas que eu tinha lido no seminário, mas não tinha entendido. A partir do momento, que eu vi ele falando, fazendo silêncios, gestos e outras coisas, entendi perfeitamente o que ele queria dizer. As vezes, dava uma pausa longa e dizia algum impropério, quase gritando. Aí olhava para a camêra com o mesmo sorrizinho boquiaberto do Jabor. A partir desse ponto ficava claro o que ele queria dizer com um conceito tão obscuro quanto "nó borromeano".

Muito me ajudou vê-lo. Hoje, descobri uma maneira mais que apropriada para lê-lo: Em voz alta.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Lupicínio Rodrigues


Esses dias, tava comentando com uns amigos que achava Lupicínio o Cole Porter brasileiro. Besteira. Boto fé que quando a gente ficar tenta achar esses paralelos, do naipe João Gilberto-Elvis, Paralamas-Police, Pixinguinha-Armstrong, afirma-se apenas sub-genêros; tipos especiais de The Police, Armstrong, Porter e João.

O Lupicínio, por exemplo, tem nada a ver com o Porter. É menos sutil. Mulheres infiéis e ciúmes mostrousos. Ninguém, digo mesmo, ninguém teve a coragem de clamar vingança aos santos e fazer disso, bem ou mal, uma canção de amor.

Quanto as melodias, digamos que elas são errantes demais para os ouvidos de um Porter. Talvez seja exatamente isso que trouxe tanto sucesso. As melodias parecem estar mais ligadas a oratória e ao remoer que qualquer outra coisa, mas isso dava à música um apelo dramático que quase ninguém conseguiu. O que importa nele é dar a essa maneira escrota de sofrer por alguém alguma dignidade, mesmo que mostrando como isso é patético. Nada saúdavel, mas escutem, que é muito bonito.


Ah, bem, foi ele que inventou a expressão dor-de-cotovelo.