sábado, 12 de janeiro de 2008

Fala

Eu juro que tentei respeitar o Arnaldo Jabor como cineasta. Vi aquele filme mó elogiado, "Toda nudez será castigada". Mas não consegui passar da introdução que ele havia preparado para o dvd. Tava lá ele, com a mesma cara, falando do nelson rodrigues como se fala do mensalão. Uma ênfase pretensamente apaixonada, o sorrizinho boquiaberto marcando um "x" no sacarsmo. Rotula o filme dele de "pastiche de melodrama, entre a ironia e a tragédia". E aquele ritmo de fala nojeinto, como um aluno que lê um texto em voz alta e quer que a professora perceba que consegue dar, a cada frase, a entonação correta e adequada. Enfim, porra, vocês sabem do que estou falando. Não dá pra respeitar alguém assim. Talvez o Darcy Ribeiro, mas aí é outro nível.

De qualquer forma, esses trejeitos de fala, dizem muito não só sobre a respeitabilidade do sujeito, mas também a sua compreensibilidade e captação de níveis.

Lacan, por exemplo. Vi ele esses dias, no Youtube, falando de coisas que eu tinha lido no seminário, mas não tinha entendido. A partir do momento, que eu vi ele falando, fazendo silêncios, gestos e outras coisas, entendi perfeitamente o que ele queria dizer. As vezes, dava uma pausa longa e dizia algum impropério, quase gritando. Aí olhava para a camêra com o mesmo sorrizinho boquiaberto do Jabor. A partir desse ponto ficava claro o que ele queria dizer com um conceito tão obscuro quanto "nó borromeano".

Muito me ajudou vê-lo. Hoje, descobri uma maneira mais que apropriada para lê-lo: Em voz alta.

2 comentários:

vinícius castro disse...

posta vídeo de você lendo no youtube que te dou setecentos reais

Floccinaucinihilipilification disse...

título do vídeo: Lacan, por exemplo.